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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Maria vai vivendo. (parte dois)



A cidadezinha era cheia de neblina, com postes que mais ficavam apagados do que acesos. As ruas eram largas, calçadas estreitas, casas com trincos gigantes e a ponte que fica perto da pensão era de madeira. A atendente foi bem receptiva, e ficou um tanto quanto assustada ao me ver tão entusiasmada com aquele lugar. Como cheguei e o sol já estava se pondo resolvi ficar no quarto mesmo.
No dia seguinte perguntei a moça o que havia de interessante para turistas, ela me aconselhou a procurar um rapaz chamado Lúcio que segundo ela teria programas perfeitos para mim. Tomei meu café e fui. Ele estava na praça, perguntei quanto ficaria os serviços dele, e ele disse que eu poderia pagar o quanto achasse que valia. Fomos ao topo de um morro, demoramos quase o dia todo para chegar lá, quando finalmente conseguimos o crepúsculo já estava quase para acontecer. Sentados em um tronco perguntei:
- Lúcio, por que o nome da cidade é Luzes?
E ele, meio desinteressado me respondeu:
-Porque antigamente a cidade era iluminada, mas isso é passado. Agora deveria se chamar Escuridão. (risos)
Fiquei sem entender a ironia dele, e como minha curiosidade é grande, tive de perguntar:
-Como assim era iluminada? O que aconteceu?
-Maria, já está quase escurecendo, e histórias dessas não devem ser repassadas, muito menos no aqui e de noite. Vamos embora.
Ele se levantou, pegou sua mochila, acendeu a lanterna e me indicou por onde começar a trilha de volta. Não pude perguntar mais nada neste dia, até porque ele ficou calado o percurso todo, mas como eu estava ali para viver algo diferente teria que ir até o fim dessa história. A mata era um tanto quanto fria, ao longo do caminho duas vezes tive a impressão de ter visto algo nos seguindo. Coloquei em minha mente que era apenas uma impressão besta.

Chegando na ponte reparei que não havia ninguém nas ruas, nem uma mesmo. Não era tarde, no máximo sete horas da noite. Lúcio me levou até a porta da pensão, que assim como as outras casas, estava trancada. Bati e chamei a atendente,  depois de alguns minutos ela abriu a porta. Examinou rapidamente meus olhos e puxou-me para dentro. Antes de fechar a porta, ela olhou nos olhos de Lúcio e disse algo que não pude compreender o sentido. Ela havia dito: Luminion adnia anier .