Chamava-se Laile, Laile Ramos, uma garota normal, com uma
vida preciosa, filha de pais da sociedade, menina proprietária de tudo que se
possa querer na idade dela. Estudava na melhor escola da cidade, pública,
porém, a mais concorrida da cidade. Éramos da mesma sala, terceiro ano do
colegial, aquele era o ano mais esperado por qualquer estudante.
Sempre foi a principal, tudo que ela fazia era motivo de
festa, mas ainda assim pensava que não era tudo que ela tinha, eu assistia
aqueles filmes norte americano, gente assim nunca é feliz, nunca é totalmente
feliz. Época em que a internet já era conhecida, mas como tudo novo, só os bons
podiam ter aquela tecnologia. Minha família não era das mais ricas, mas nós
possuíamos internet, e tinha uma rede social que era febre, eu tinha, com uma
identidade falsa, aquela era a chance de conhecer pessoas novas, ser quem eu
queria ser, só tinha um problema, era tudo virtual, um sonho com limites.
Isso tudo não importa, sei que virei amiga de Laile, e
descobri que ela tinha uma louca paixão por um garoto, totalmente diferente
dela, praticamente de mundos invertidos, não conseguia entender o porquê do
fato. Apoiava esse desejo dela, embora isso me parecia uma grande ilusão, coisa
de filme, impossível na vida real.
Aquilo foi aumentando, e já não sabia mais o tamanho daquele
sentimento, qualquer um daria tudo para ficar ao lado dela, mas ele não, achava
que não tinha cabimento, que era brincadeira, que aquele amor tão surreal não
passava de uma farsa. Amigas, só virtualmente, só que eu observa tudo de perto,
como se não soubesse de nada. A garota parecia uma depressiva ambulante,
totalmente ao contrário daquela Miss Alegria que todos estavam acostumados.
Chegaram as férias, e nossa formatura também, por internet
ela havia contado que iria somente a colação de grau, mas algo aconteceu e não
a vi lá. No dia seguinte quando abro meu e-mail vejo o seguinte texto:
Oi querida amiga
virtual,
Primeiro quero
agradecer você, por tudo, cada noite que passou lendo minhas lamentações, pelos
conselhos, realmente por tudo. Provavelmente deve estar lendo esse texto de
manhã, a festa de formatura devia ter sido uma beleza, e você certamente estava
linda, pena que você nunca me disse quem era, apenas disse que estaria lá, esta
noite, apenas para me conhecer pessoalmente. Lamento por ter faltado, lamento
por não dar uma chance para que pudéssemos nos conhecer. Agora deve ser tarde
de mais, meus pais já devem ter descoberto minha escolha, e como te conto tudo,
decidi me matar. Viver sem poder ter aquele rapaz seria desperdício, que adiantava
eu ter de tudo, se não podia amar e ser amada. Talvez seja besteira minha ter
feito essa escolha, mas agora é tarde. Espero que você tenha mais sorte que eu,
que você consiga o que quer, sem sofrer com essa sociedade feita de padrões.
Adeus, com muito
carinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário