Nunca fui de ficar curioso, mas aquela senhora sempre me
deixou com essa sensação e vontade de querer saber o que se passava na verdade.
Não sei o que via, pois ela era uma mulher de aproximadamente quarenta anos,
cabelos ruivos, tingidos, olhos extremamente negros e sempre se vestia de cores
claras, principalmente branco.
Costumava vê-la todos os dias, no mesmo horário, sempre que
passava na esquina da pracinha ela estava colocando uma flor ao lado de um
banco. Nunca havia falado direito com ela, mas como nos víamos rotineiramente
costumávamos ao menos nos cumprimentar. Eu com meus pensamentos da idade,
acreditava que ela era apenas uma pobre viúva.
Comecei a me interessar cada vez mais por aquele certo mistério
que parecia uma coisa besta para os outros, meus amigos me diziam que eu estava
querendo a mulher de corpo e alma, mas fora as brincadeiras deles, eu realmente
me interessava, não por ela, mas pelo que ela escondia.
Descobri onde ela morava, onde ia de manhã, de tarde, de
noite, os horários em que a casa ficava sozinha, quem trabalhava lá, que horas
saiam, e também descobri que ela sempre voltava com um bombom na mão depois que
fazia seu ‘ritual’ na pracinha. Certo dia criei coragem e resolvi entrar na
casa dela, mas tinha que ser tudo bem planejado, nada daria errado.
Entrei lá, uma casa aparentemente normal, até que eu achei
uma escada, que levava a uma porta estreita, porém estava trancada, voltei a
sala, pois lembrei de ter visto uma chave em cima da mesa principal. O coração
batia mais forte, minhas mãos geladas, e cada vez mais assustado e ao mesmo
tempo com muita curiosidade, meus olhos se esquivavam rapidamente, atentos a
cada movimento, sentia o vento mais gelado, e a respiração cada vez mais forte,
criei coragem e em uma só sacada abri a porta, dei de cara com um santuário, onde
havia um esqueleto.
Cheguei mais perto, e vi uma plaqueta com os dizeres “ Aqui se
encontra o homem que mais amei, e por amor eu mesma o matei.” , quando eu li
aquilo foi espontâneo olhar para os lados e conferir o ambiente, e encontrei
uma estante cheia de bombons, logo pensei que o homem era apaixonado por
chocolate. Quando no meio de tanta obscuridade, medo e uma sensação
terrivelmente estranha, eu fiquei com uma imensa vontade de comer um bombom, e
quando ia saindo do quarto com um pedaço já na boca, dou de cara com Elly, meu
coração disparou, tudo ficou escuro. Agora,
acabei de acordar na minha cama, não sei se tudo isso é fruto da minha
imaginação ou se realmente aconteceu.
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