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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O segredo de Elly- Parte 2


          Passaram-se dias, e eu não tinha certeza ainda se meu sonho era realidade, tudo pareceu tão real, tão vivo. Com essa dúvida que não saia de minha cabeça, tomei uma decisão, eu só saberia se tudo aquilo era verdade se entrasse naquela casa, pela primeira vez, ou quem sabe a segunda. Isso eu iria descobrir.
          Dois dias depois criei coragem e fui. Como tinha em mente todos os detalhes do estranho sonho, eu fui direto a porta, que por sinal estava trancada. Procurei a chave, não estava no mesmo lugar, mas mesmo assim consegui acha-la, então abri e entrei. Fiquei assustado ao perceber que não tinha sido um sonho, e sim uma lembrança, uma lembrança real de algo que eu vivi.
          Não suportei pensar no que poderia acontecer se Elly me pegasse ali de novo. Fechei a porta, coloquei a chave no lugar, e quando ia ao encontro da porta de saída, ela estava de pé, com um bombom na mão. E logo me disse:
          -Gosta de bombons caro garoto?!
          E com a voz tremula de medo respondi:
          - Sim.
          Ela me deu o chocolate, e com apenas um gesto me chamou para sentar no sofá, com receio de recusar aceitei, ela começou a contar de como ela era, contou-me sua adolescência completa. E eu nem se quer respirava direito, a tensão tomava cada vez mais conta de meu corpo, eu não pensava, não falava, apenas ficava atento a cada movimento dela, pois qualquer reação estranha seria um sinal para me defender.
          De uma forma muito estranha ela demonstrava um carinho especial por mim. Pensei que isso seria um bom sinal, pois assim não correria tantos riscos, só que nem sempre tudo é como pensamos. Elly me convidou, na verdade me intimou, a entrar em um outro cômodo da casa, sem dizer nada me abraçou e me beijou, e do mesmo jeito me trancou naquele quarto e saiu.
          Aquilo foi horrível, um beijo, não um beijinho, um beijo, isso que tinha acontecido, e por algum motivo eu retribui aquele ato, não conseguia acreditar que tudo não passava de um sonho. Fiquei calmo, não me adiantaria de nada ficar agitado, não tinha relógio, não tinha nada para poder ver quanto tempo se passava. Eu observava o Sol, e assim deduzia qual momento do dia era. Fiquei dois dias ali, sem sair, não fiquei com fome, nem com sede, havia um pequeno banquete naquela suíte. Na manhã do terceiro dia, ela entrou, me beijou novamente, não sei, mas acho que ela não me beijou, o certo a dizer é que nós nos beijamos. Logo depois, ela me disse que faltava pouco tempo para me tirar dali, e colocou um porta retrato sem foto na parede.

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