Passaram-se dias, e eu não tinha certeza ainda se meu sonho
era realidade, tudo pareceu tão real, tão vivo. Com essa dúvida que não saia de
minha cabeça, tomei uma decisão, eu só saberia se tudo aquilo era verdade se
entrasse naquela casa, pela primeira vez, ou quem sabe a segunda. Isso eu iria
descobrir.
Dois dias depois criei coragem e fui. Como tinha em mente
todos os detalhes do estranho sonho, eu fui direto a porta, que por sinal
estava trancada. Procurei a chave, não estava no mesmo lugar, mas mesmo assim
consegui acha-la, então abri e entrei. Fiquei assustado ao perceber que não
tinha sido um sonho, e sim uma lembrança, uma lembrança real de algo que eu
vivi.
Não suportei pensar no que poderia acontecer se Elly me
pegasse ali de novo. Fechei a porta, coloquei a chave no lugar, e quando ia ao
encontro da porta de saída, ela estava de pé, com um bombom na mão. E logo me
disse:
-Gosta de bombons caro garoto?!
E com a voz tremula de medo respondi:
- Sim.
Ela me deu o chocolate, e com apenas um gesto me chamou para
sentar no sofá, com receio de recusar aceitei, ela começou a contar de como ela
era, contou-me sua adolescência completa. E eu nem se quer respirava direito, a
tensão tomava cada vez mais conta de meu corpo, eu não pensava, não falava,
apenas ficava atento a cada movimento dela, pois qualquer reação estranha seria
um sinal para me defender.
De uma forma muito estranha ela demonstrava um carinho
especial por mim. Pensei que isso seria um bom sinal, pois assim não correria
tantos riscos, só que nem sempre tudo é como pensamos. Elly me convidou, na
verdade me intimou, a entrar em um outro cômodo da casa, sem dizer nada me
abraçou e me beijou, e do mesmo jeito me trancou naquele quarto e saiu.
Aquilo foi horrível, um beijo, não um beijinho, um beijo,
isso que tinha acontecido, e por algum motivo eu retribui aquele ato, não
conseguia acreditar que tudo não passava de um sonho. Fiquei calmo, não me
adiantaria de nada ficar agitado, não tinha relógio, não tinha nada para poder ver
quanto tempo se passava. Eu observava o Sol, e assim deduzia qual momento do
dia era. Fiquei dois dias ali, sem sair, não fiquei com fome, nem com sede,
havia um pequeno banquete naquela suíte. Na manhã do terceiro dia, ela entrou,
me beijou novamente, não sei, mas acho que ela não me beijou, o certo a dizer é
que nós nos beijamos. Logo depois, ela me disse que faltava pouco tempo para me
tirar dali, e colocou um porta retrato sem foto na parede.
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